segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Nova Primavera



Nova Primavera

Nova primavera se aproxima. A pouco e pouco os campos se vão tingindo com as cores da alegria. O mundo reverdece, a chuva fecunda o chão, a brisa carrega, terna e mansa, os aromas da nova estação. Tudo é contentamento, tudo é esperança.
O inverno, duro e frio, vai perdendo seu reinado. Nas ruas, apresados, todos procuram celebrar a glória de uma nova estação. Quase se ouve no ar a canção da felicidade.
Duro inverno abate a Terra. Em todos os cantos se vê desamor, guerra. Os pobres, desamparados pelas instituições, vagam desconsolados. Os corações mais sensíveis sofrem ante os golpes impiedosos do egoísmo abrasador. Nos horizontes da maioria dos homens só desesperança, medo, revolta.
Mas já se ouve no ar a melodia de uma nova estação. Marcada pelo ritmo de corações abnegados, a sinfonia da vida já ensaia seus primeiros acordes. Aqui e acolá já pode sentir o perfume suave do amor verdadeiro, levantando os caídos. Formosas vozes já cantam triunfantes, ainda que isoladas, as maravilhas do amor , pensando as feridas de quem segue nos caminhos da vida. Sinais dos tempos.
Primeiras flores que preparam a chegada da verdadeira primavera. Gorjeios pioneiros, mas que, com o passar do tempo, serão enriquecidos como canto de todos os que estiverem dispostos arregaçar as mangas e trabalhar por um mundo melhor. Perfumes raros que inundarão todas as almas, assim que o tempo chegar.Basta acreditar.
Aguardemos , trabalhando.
Nova era de paz chegará em breve, estejamos prontos.
Por mais duro e frio que seja o inverno, ele sempre será substituído por uma verdejante primavera, reflorindo os caminhos, reverdecendo as pradarias, iluminado os corações.

PELO ENCONTRO DE PRIMAVERA!!!

Beijos na Alma

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Atrás da Porta.





A porta se fechou atrás de mim e,depois dela,o silêncio. Toda a cidade já dormia, apenas o cricrilar dos grilos, involuntárias testemunhas de meus pensamentos, marcava o compasso solitário daquela noite que já ia alta, e me trazia novamente ao ponto de partida.
Buscara, não por acaso , a companhia dos amigos, os gracejos, a música alegre, o ruído. Ao lado daqueles que me partilhavam as afeições passara, quase sem perceber, uma grande e memorável noite. Mas como todas as grandes e memoráveis noites, aquela também tinha passado.
E lá estava eu, de volta às quatro paredes de meu quarto bege. Quem seria esse que me fitava do outro lado do espelho? Barba por fazer, profundas olheiras, cabelos revoltos, ainda que imóveis. Um estranho, com certeza.
Não falo com estranhos. Permaneço imóvel. Respiração em suspenso, coração na boca.
Algo naquele rosto me fazia lembrar alguém que eu já tinha sido, em um tempo em que todos os sonhos eram possíveis, em que todos os amores eram eternos...
Pensando bem, ele nem era assim tão assustador, até simpático parecia.
Depois de alguns segundos de perplexidade, certo de que aquela postura a nada me levaria, resolvi perguntar quem era aquele ser que invadira meu espelho tão deselegantemente. Pergunto uma vez. Nada. Pergunto duas. Mais silêncio. Que empáfia! Ele insistia em me ignorar, no máximo me imitava os gestos, detalhadamente.
Meus amigos sempre afirmaram que eu era estranho. Aquela situação me deixava cada vez mais convicto de que eles tinham razão. Lá estava eu, brigando com um estranho no espelho, que teimava em não responder, ainda que bradasse a bom som. Desisto. Resolvo dormir. Ele que ficasse lá, imóvel.
Afinal de contas, muitas outras noites viriam, muitos encontros ainda teria com aquele estranho até que, ao final da vida ou ao final de muitas vidas, pudesse sondar-lhe o íntimo, entender-lhe os sentimentos conflitivos, os sonhos impossíveis.
Qual tem sido a busca de todos, senão a de compreender o estranho que lhe fita do outro lado do espelho. Eu faria isso, sem dúvida...
Mas não naquela noite. A minha opção seria a da maioria dos que, absortos pelas emoções falsas, pelos prazeres e pelo ruído, simplesmente voltavam a dormir, fugindo do que encontrariam, atrás da porta.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Meia Noite e Eu...



Ouço ao longe as badaladas de um sino imaginário. O relógio na parede engordurada da cozinha, se funcionasse, marcaria meia-noite. Sorvo o último gole de café já meio morno, e cá estamos eu, meu velho computador e minha caneca trincada de louça em mais uma viagem solitária aos porões da noite.
As criaturas da noite já se preparam para a sair. Envoltos em seu escuro manto, amigos se preparam para o culto à alegria que termina, em preces extertóricas, ajoelhados no chão do templo dos ébrios, em torno do altar de louça. Banhando-se nas brasas que o amor acendeu, casais tentam violar a mais elementar lei da Física, provando que dois corpos ocupam o mesmo lugar no espaço.
E eu, já meio injuriado, me pergunto: Onde andará aquela que anseia por vagar na noite com um vampiro alucinado. Cultuaria ela a alegria dos vapores alcoólicos em algum dos bares da vida. Contemplaria os encantos da noite, suspirando por alguém que não sou eu ou aguardaria , entre sonhos e pesadelos, que o dia, destruidor dos sonhos, a fizesse despertar em meus braços. Ou seria esse apenas mais um delírio noturno, fruto do excesso de cafeína que me inspirava a escrever? Talvez eu nunca saiba.
Mas as noites se sucedem, as horas correm céleres, a busca continua. Muitas vezes o caminho ensina mais que o destino, navegar é preciso. Enquanto isso permaneço aqui, de pena e caneca nas mãos, registrando , a cada nova "meia-noite", as peculiaridades do caminho.
Eis meu diário de delírios noturnos, enlouquecido registro de acontecimentos que não são, não foram e que talvez não venham ser, mas que nem por isso deixam de ser verdadeiros, por que, afinal de contas, só é verdadeiro o que vem do coração,e só é falso, o que é feito sem paixão.

Leonardo G. Silva ou Lord Dark Night ( talvez os dois )
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